Thursday, January 05, 2006

A raiz do mito

Nada melhor que dactilografar de estomago vazio. Assim a fome convida a retirar antes que o pensamento falacioso discorra. Vou falar de mitos, falar da queda de personagens míticas. Podia começar por eleger as mais conhecidas mas essas já todos conhecemos. Todos nós somos mitos, em qualquer espaço ou tempo, todos conhecemos a glória ainda que não lhe chamemos banalmente glória, antes bons momentos. Todos subimos para depois descer ou cair, abruptamente em caso de infortunio ou doença. Todos, ou nem todos, lidam mais ou menos, de acordo com a dimensão da sua sorte, bem com esta montanha excepto aqueles que se sentam no sopé rejeitando esta glória. A estes a sociedade chama de preguiçosos. Mas estes, pacientemente, olham os outros e erguem-se quando alguem cai, normalmente na descida. Mas estes covardes não se imaginam apaixonados o suficiente pela montanha e a perjúria de que são alvo pelos que trepam montanhas leva-os à arte, a arte que lhes suga as almas e destila as mentes, a presença destes é muitas vezes um incómodo ou noutros casos uma prótese para amparar possiveis victimas de queda que sedentos não respeitam quem lhes mostra o que é certo ou errado, o que é menos certo ou pior. Mas muitas vezes o artista deixa-se iludir na sua arte porque se apaixona por mitos e os acaba por odiar ou porque os teme e é o medo que conduz ao ódio, foi o medo que criou as religiões e estas odeiam-se entre si e dentro de si. Hoje em dia dezenas de estrelas de cinema, políticos, músicos, artistas plásticos, poetas caem porque ainda não aprenderam que apenas são amados quando morrem. E todos nascemos mitos mas poucos veneramos porque continuamos primitivos.

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